Arte

1/24/2011

3 Comments

 
"Todo aquele que mergulhar nas profundezas de sua arte, à procura de tesouros escondidos, trabalha para erguer uma pirâmide espiritual que chegará ao céu."
- Kandinsky
Então, a arte.
Não sei se é do senso comum, mas eu vejo a arte como muitas coisas diferentes. Primeiro, eu acredito que todos tenham afinidade com alguma forma de arte. Por conseguinte, acredito que a arte deve ser algo prazeroso, pois deve fazer parte do artista. Depois, acredito também que a arte é uma ferramenta muito potente, muito intensa. Uma ferramenta com a capacidade de atingir o coração do público.
Música, dança, artesanato, pintura, escultura, cinema, teatro, circo, gastronomia, literatura, fotografia... Todas formas de arte capazes de passar ao público-alvo praticamente qualquer sentimento. Podem fazer as pessoas se unirem ou que entrem em guerra. Pode induzir as pessoas ao erro ou à solução.
Pegando por exemplo, a música. A música pode divertir, pode comover, pode ser usada como forma de protesto, pode ser a arma de uma verdadeira guerra. Ela também expressar amor, é claro. Ela também pode expressar banalização sexual, por que não?
E a futilidade se mistura com a arte. Vemos pseudo-artistas fazendo fortunas egoístas através de músicas vazias. Vemos uma supervalorização da imagem sem conteúdo. Vemos pessoas chorando clamando por seus ídolos fúteis. A que ponto chegamos? Uma arte vazia contando histórias fúteis e arrecadando milhões em cima de uma multidão de pessoas fracas.
E isso não acontece só com a música. Junto com ela vem a dança, que também se esvazia como um balão aberto. Também temos casos parecidos na literatura, na fotografia, no cinema, nas coisas mais acessíveis. Qualquer um pode escrever uma história sem conteúdo, mas poucos vão se prestar a esculpir uma estátua. Eu acho que seria bastante engraçado, na verdade.
Eu não me identifico com música, mas canções me conquistam pela letra. Eu não sou fã de uma banda ou de um estilo musical, eu me apaixono pelas letras. Letras que aproveitem a ferramenta que estão usando, que sabem utilizá-la. Talvez isso tenha alguma relação com a literatura, a arte que eu realmente me identifico. Desde sempre eu crio muitas histórias, mas sempre desistia delas, até o presente momento.

 
Seja a terceira pessoa.
Estar sempre no 'eu' é bastante interessante, tem seus lados positivos, mas acho importante saber trocar para a segunda ou para a terceira pessoa. Principalmente para a terceira.
A terceira pessoa não faz parte. Ela não é como eu ou como você. Ela é livre de preceitos. A terceira pessoa não está envolvida e tem a capacidade de julgar a situação, não importa qual. Ela não está influenciada por sentimentos momentâneos. Quando se pede um conselho, pede-se a opinião da terceira pessoa do singular. Mas, por que não ser essa pessoa?
Eu considero essa uma posibilidade muito válida. É quase uma mania minha.
Minha maneira de agir é baseada no que a minha terceira pessoa diz. Eu tento sempre agir de modo que a terceira pessoa aprovasse. Me visto pensando inconscientemente nisso. Escrevo pensando inconscientemente nisso.
Eu tento ser o meu próprio ideal. Eu tento ser o que eu queria que alguém fosse pra mim. Quando descobriram isso, me chamaram de narcisista. E, de certo modo, não discordo. Meu ideal é ser alguém que, caso eu conhecesse, me apaixonasse.
Ser no outro, eu.
Realmente, parece muito narcisista. Parece muito "eu me amo". Mas esse não é o meu ponto. Não é o meu objetivo. Eu não me amo, mas quero ser alguém que eu amaria. Quero ser o meu ideal.
E quando escrevo, a terceira pessoa são os leitores. Eu escrevo de acordo com aquilo que eu gostaria de ler.
E quando eu me visto, a terceira pessoa são todos aqueles que vão me ver. E eu me visto de acordo com aquilo que eu gostaria de ver.
E quando eu falo, falo aquilo que eu gostaria de ouvir.
Quando eu faço, faço aquilo que gostaria que fizessem.