Tudo começou numa bela e quente manhã em um final de semana qualquer. Acordei tarde e preparava meu café, o rádio ligado e começa uma propaganda que me chamou a atenção. Começava pedindo para imaginar um lugar com muito verde onde não haveria nada além de paz. Terminava convidando a visitar os apartamentos decorados do maior e mais novo condomínio fechado da cidade.
E essa propaganda foi o estopim pra eu decidir escrever este texto. Eu já estava um tanto revoltado com as propagandas, achando elas mais vazias do que o normal. Não sei se elas que esvaziaram ou se eu que abri os olhos para ver como elas sempre foram vazias.
No vídeo "A História das Coisas" que eu já postei, tem uma parte que diz:

"Cada um de nós nos Estados Unidos é bombardeado com mais de 3.000 anúncios por dia. Vemos mais publicidade em um ano do que as pessoas há 50 anos viam em toda a vida. Qual é o objetivo de um anúncio se não nos fazer infelizes com aquilo que temos? Por isso, nos dizem 3.000 vezes por dia que nosso cabelo está errado, nossa pele, nossas roupas, nossos móveis, nossos carros, nós estamos errados... mas tudo se resolve se formos às compras".

TRÊS MIL ANÚNCIOS POR DIA. Seja em televisão, rádio, outdoors ou encartes. E são extremamente espertos. Sabem como entrar na mente das pessoas, através da arte, como eu disse no post anterior. Eles usam a arte como uma ferramenta. Criam jingles e slogans para entrar na nossa mente, usam imagens e mensagens quase subliminares. Às vezes, é difícil de acreditar. Duas propagandas me deixaram recentemente muito perturbado.

Arte

1/24/2011

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"Todo aquele que mergulhar nas profundezas de sua arte, à procura de tesouros escondidos, trabalha para erguer uma pirâmide espiritual que chegará ao céu."
- Kandinsky
Então, a arte.
Não sei se é do senso comum, mas eu vejo a arte como muitas coisas diferentes. Primeiro, eu acredito que todos tenham afinidade com alguma forma de arte. Por conseguinte, acredito que a arte deve ser algo prazeroso, pois deve fazer parte do artista. Depois, acredito também que a arte é uma ferramenta muito potente, muito intensa. Uma ferramenta com a capacidade de atingir o coração do público.
Música, dança, artesanato, pintura, escultura, cinema, teatro, circo, gastronomia, literatura, fotografia... Todas formas de arte capazes de passar ao público-alvo praticamente qualquer sentimento. Podem fazer as pessoas se unirem ou que entrem em guerra. Pode induzir as pessoas ao erro ou à solução.
Pegando por exemplo, a música. A música pode divertir, pode comover, pode ser usada como forma de protesto, pode ser a arma de uma verdadeira guerra. Ela também expressar amor, é claro. Ela também pode expressar banalização sexual, por que não?
E a futilidade se mistura com a arte. Vemos pseudo-artistas fazendo fortunas egoístas através de músicas vazias. Vemos uma supervalorização da imagem sem conteúdo. Vemos pessoas chorando clamando por seus ídolos fúteis. A que ponto chegamos? Uma arte vazia contando histórias fúteis e arrecadando milhões em cima de uma multidão de pessoas fracas.
E isso não acontece só com a música. Junto com ela vem a dança, que também se esvazia como um balão aberto. Também temos casos parecidos na literatura, na fotografia, no cinema, nas coisas mais acessíveis. Qualquer um pode escrever uma história sem conteúdo, mas poucos vão se prestar a esculpir uma estátua. Eu acho que seria bastante engraçado, na verdade.
Eu não me identifico com música, mas canções me conquistam pela letra. Eu não sou fã de uma banda ou de um estilo musical, eu me apaixono pelas letras. Letras que aproveitem a ferramenta que estão usando, que sabem utilizá-la. Talvez isso tenha alguma relação com a literatura, a arte que eu realmente me identifico. Desde sempre eu crio muitas histórias, mas sempre desistia delas, até o presente momento.

 
Antes do post em si, queria não ignorar o fato de hoje ser o primeiro dia de 2011. Espero que 2011 seja um ano cheio de descobertas e aprendizados, com muita sensatez e bom-senso (é difícil ter esperança quando acordamos com uma briga dos vizinhos do apartamento ao lado, mas vamos tentar).

Com 'evolução', eu digo a evolução humana. É quase difícil acreditar que somos animais, de tão distantes estamos dos demais, evolutivamente falando. Temos consciência, comunicação, raciocínio lógico. Poucas as coisas que ainda fazemos instintivamente. Tudo é pensado, tudo é planejado... Somos os únicos animais com essa capacidade. Certo, alguns animais têm uma organização fascinante, como formigas ou abelhas, mas nós evoluímos muito além disso, não tem como negar.
Mas o que eu me pergunto é... será que a inteligência é mais valiosa do que o instinto? Com a nossa inteligência, por muito tempo nos sentimos superiores aos outros animais, inclusive superiores aos próprios humanos. Brancos se acharam superiores aos negros, homens às mulheres. A inteligência traz burrice, enquanto o instinto... O instinto não progride, se mantém estagnado. Entretanto, não causa problemas. O instinto é estática e naturalmente puro e bom.
Talvez pensem que o instinto não pode ser bom... afinal os animais matam uns aos outros. Brincam com os animais indefesos que eles não conhecem e matam sem necessidade...